segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Em um palmo de terra no chão

Cabeça pesada no pescoço sem suporte, ombros não tão largos quanto o fardo a carregar.
Braços doloridos, costas envelhecidas, pernas cedentes e lábios sedentos.
Pés cansados, pisados, apertados nos tênis surrados e enlameados.
Se os joelhos falassem, diriam estar cansados de correr sem se mover. 
No caminho da expectativa, vê-se exausto antes mesmo de se começar a andar.
As críticas não são mais veladas, e o cotidiano deixa de ser novela
A suposta defesa reparte e, por fim, parte. Parte mesmo, sem rumo nem prumo.
O ataque é escasso, o recurso já se esvaiu. Gavetas cheias de inutilidades.

Notável falta de organização. No quarto e na vida, entre quadro paredes contida.
Redução de escopo para evitar o inútil, o vão. E assim vão os dias, recentes e reticentes.
Separando os esforços repetidos nas palavras já re-ditas da recorrente esperança de não agir como criança.
O coração dói pouco, bate menos ainda. Já jaz quadrado e emparedado.
As cartas abertas na mesa não me dão resposta ou desejo de responder.
Está tudo em dia, está tudo em xeque. Súbito, subnutrido.
Dias de Lázaro, dias de Abraão. Contra a esperança e contra o fim.
A percepção invertida - o pouco que antes era destaque, hoje se torna vício e fraqueza.
O pouco que tenho que mal me basta ainda é seu. Sempre foi.

O mundo é tão pequeno quando não se pode crescer.
.

Nenhum comentário: