quinta-feira, 2 de junho de 2011

Teenager love

Era mais um desses jovens quasi-adolescentes que andava com a franja na cara e os olhos no chão. Engraçava-se com as menininhas, tinha fama de pegador e sempre tinha uma dessazinhas à tira-colo. Faltava-lhe maturidade para entender os sentimentos e faltava-lhe idade para saber o que é o sofrimento. Optava por não saber a não ser amado, optava por se esconder por trás dos piercings e um sorriso pseudo-hedonista.

Um dia, como outro qualquer, viu-se perante uma mulher. Ela era diferente das meninas que costumavam estar por perto. Apesar de ter quase dois palmos a mais de altura, ela o olhava de cima pra baixo, como se tivesse o colocando, finalmente, em seu devido lugar. E assim começou a tal da história do amor adolescente que se repetia pelas gerações. Cortou o cabelo e passou gel, tirou os esmaltes das unhas, aparou a barba, trocou as calças jeans rasgadas por calças sociais com pregas e as camisetas surradas por camisas engomadas.

Empenhava seu tempo entre fazê-la rir e conhecê-la mais. Seguia-a na empresa, pelas ruas e no twitter. Comentava todos os posts do facebook, mas sempre cuidadoso para não parecer desesperado - afinal, ele sempre esteve no controle da situação e sabia como lidar. Quando o via, ela sempre falava com risos sobre seus comentários e bom humor. Ela retribuia os elogios, demorava aquele segundo a mais quando o cumprimentava com o beijo no rosto e sempre que passava por ele nos corredores, dava um jeito de tocá-lo, mesmo que de leve. Ela tinha sua completa atenção e devoção e ele, em contrapartida, tinha a convicção de seus avanços e a proximidade de sua conquista.

Combinou com os amigos de saírem no sábado para uma cerveja e papo-furado. Ele apareceu decidido a agir, ela apareceu acompanhada. Decidiu então tirá-la de seus planos, erradicá-la dos sonhos e fantasias e até privá-la de sua atenção nas ocasiões fortuitas que se encontravam.

Para provar que o amor quase nunca é feito para os adultos e definitivamente, nunca para os adolescentes - ela nem percebeu a diferença.

Um comentário:

Erick disse...

A situação do estepe, da reserva. Talvez pela demora em tomar atitude, talvez por se permitir ser isso. Erramos pelo que procuramos, e não pelo que vemos. Mas a gente vai crescendo e acaba aprendendo a dar as coisas o seu devido valor.