quinta-feira, 3 de julho de 2008

Do the evolution

Tenho amigos que escrevem como sóis-de-praias, talvez por isso que preferi usar a língua inglesa (e seus anglicismos). Não será diferencial por muito tempo (e nunca foi em certos patamares), talvez por isso venha também a língua japonesa, a língua espanhola. Finalmente, a língua do P, cuja fluência torna-se aos poucos precária com o desuso, ainda me é um trunfo a ser explorado (ou, quiçá, esquecido).

Essa perspectiva lamarckiana de desuso->extinção não foi muito correta do ponto de vista evolucionário, mas se pensarmos no conhecimento, isso acaba sendo verdade. Acontece com idiomas, acontece com contos e cultura populares, acontece com linhas de pensamento, acontece com teorias astrofísicas, acontece com modos de gerenciamento, acontece com amizades. Tudo que cai em desuso acaba sendo cadencialmente extinto. Em alguns casos, demora algumas gerações. Em outros, apenas alguns meses.

Um idioma pode morrer após dezenas ou centenas de anos do seu desuso - alguns viram apenas uma relíquia histórica, ou algo a ser admirado/estudado, como o latim. Um relacionamento geralmente dura menos que isso para ser extinto.

Seja no âmbito cultural ou social, toda extinção parte de um ponto de "quebra". Seja o domínio de um povo, a queda de um império, a traição de um amigo, a frieza de um namorado. Nesse ponto, o que até então era de fato um esforço fidedigno de manter algo vivo e a ser postergado, passa apenas a uma falsa ação para esperar o fim. Mantém-se vivo para dizer que tentou, para depois poder dizer "infelizmente".
Os romanos disseram "infelizmente" a sabedoria grega aos poucos se perdeu. Os portugueses disseram "infelizmente" a cultura indígena foi quase extinta. Nossa relação "infelizmente" se esfriou e por isso acabamos.

Não posso ser radical e dizer que isso se aplica a todos os casos de extinção. Quando o ponto de quebra provoca mudanças muito radicais, a extinção não é decorrente do "efeito Lamarck". Mudanças climáticas, mortes de pessoas importantes, acidentes de trânsito - guardadas as devidas proporções, tudo isso pode gerar uma extinção imediata.

Como o tópico explorado na dissertação é a evolução, não poderia deixar de mencionar Darwin - não quero entrar na teoria evolucionista, mas apenas em uma máxima de todo pensamento: Sobrevivência do mais apto (ou do mais adaptado). Em suma, apenas aqueles que se adaptam são capazes de sobreviver - na natureza, o pêndulo dança entre vida e morte. Na sociedade, o pêndulo pode ficar entre o emprego e o desemprego, o sucesso e o fracasso, o destaque e o anonimato. A chave do pensamento não é ter capacidades mais desenvolvidas ou habilidades mais extrínsecas - trata-se da única (e variável) capacidade de nos adaptarmos.

Adaptar-se, em primeira instância, é aplicável ao seu "estado" e não ao caráter/personalidade. O seu "estado" é mutável de acordo com o ambiente. No trabalho, você pode ser sisudo e nas reuniões familiares, o piadista. Nas reuniões, usando terno. No fim de semana, bermuda. Em alguns casos, a adaptação influencia a sua essência. Mas será que é realmente adaptável ou apenas uma faceta da sua personalidade até então oculta é descoberta? Por sermos seres com diversas esferas de influência, não temos como assegurar que alguém passou a ser agressivo - apenas que ela passou a usar roupa social. O estado quando adaptado é comprovado, a mudança de essência é improvável.

Outro ponto importante a ser frisado é que, mais uma vez devido à miríade de esferas de ação de cada ser humano, há a possibilidade de uma pessoa ser "extinta" em um aspecto e ser "evoluída" em outros - no mercado de trabalho vemos muito isso, e geralmente a extinção sobrepuja a evolução.

Na vida, ficar parado não é uma opção. Só se evita de voltar, indo em frente. Só se evita a extinção, evoluindo.

Trocando em miúdos, ao meu ver, a base para sermos seres humanos em crescimento integral pode ser colocada em duas bases - uma lamarckiana e uma darwiniana:
- Uso das virtudes e desuso dos vícios
- Adaptar-se sempre

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Poslúdio

O texto que era pra ser apenas sobre evolução de conhecimento foi quase extinto. Portanto, evoluiu para uma maior gama de ação - relacionamentos, impérios, etc.
E não consegui falar das padarias que são bancas de jornal, das bancas de jornal que são restaurantes e das outras "evoluções" que vemos por ai.
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