Prezado Sr. Presidente,
Sou brasileiro, maior de idade e, como meu direito ao voto me obriga, sou também eleitor. Não me considero um cidadão politizado, não sou afiliado a nenhum partido e não sou defensor de nenhuma vertente política.
Reconheço que durante os anos do seu governo, muitas coisas mudaram no Brasil. A situação economica no geral melhorou, o Brasil ganhou mais visibilidade e posição no cenário global. Tenho plena convicção que isto, apesar de ocorrido na sua gestão e ser parcialmente devido ao seu trabalho, não é resultado apenas das suas ações, mas é uma combinação de fatores e de ações (inclusive dos governos anteriores) que culminou nesse resultado.
Apesar de não ser o seu maior defensor, admiro sua caminhada e história de vida, bem como o seu carisma que nos rendeu, além de algumas risadas, um posicionamento relativamente bom na perspectiva diplomática. Durante seu mandato, várias alcunhas lhe foram atribuídas, como o filho do Brasil, que até gerou filme. Mas o cargo para o qual foi eleito, o de presidente da nossa nação, assim como a sua responsabilidade de governar o país, aparentemente foram conceitos redesenhados ao seu belprazer, para criar uma ilusão de populismo irreal. Minha opinião talvez não seja correta, dada a quantidade de variáveis que não consigo contemplar da posição que ocupo, mas mesmo assim resolvi expressá-la.
Governar não é mostrar as coisas boas e impedir que as ruins venham à tona. Isto se chama censura.
Governar não é usar a influência política para eleger pessoas incapazes. Isto se chama lobby.
Governar não é tirar dos ricos e dar para os pobres. Isso é tarefa do Robin Hood.
Governar não é mudar de posicionamento político para se adequar às necessidades pessoais. Isso se chama hipocrisia.
Governar não é ignorar os problemas que aparecem e, ao invés de tentar resolvê-los, ficar o tempo todo tentando jogar a culpa para a oposição ou para a gestão anterior. Isto se chama negligência.
O presidente não deve diferenciar os ricos dos pobres - ele governa por todo o povo e não uma parcela dele.
O presidente não deve defender cegamente posturas incorretas e usar argumentos falhos para tentar sustentar um atitude. Menos ainda, quando ocorrer de problemas surgirem, alegar desconhecimento da situação e colocar panos quentes até que tudo acabe caindo no esquecimento.
O presidente não deve usar de "coitadismo" para se promover publicamente. Ter origem humilde e chegar ao posto mais alto do governo é motivo de honra, mas isto perde o valor quando lá do alto começa a se atirar pedras nos "ricos" e nos "europeus de olhos azuis".
O presidente não deve se fazer de vítima e usar o povo como massa de manopla para descreditar os veículos de comunicação. Se uma acusação não procede, deve-se provar o contrário e fazer com que os acusadores assumam a responsabilidade.
O presidente não deve aceitar elogios ou receber críticas pela perspectiva pessoal. Ambos são (devem ser) direcionados ao mandato e ao governo, do mesmo modo que a resposta para os tais.
Sendo assim, Sr. Presidente, gostaria que assumisse a posição de líder que o cargo que o senhor ocupa requer e não a de um organizador de greve que vê apenas o seu próprio lado de uma disputa.
Atenciosamente,
Um cidadão brasileiro
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