quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Prezado Sr. Presidente


Prezado Sr. Presidente,

Sou brasileiro, maior de idade e, como meu direito ao voto me obriga, sou também eleitor. Não me considero um cidadão politizado, não sou afiliado a nenhum partido e não sou defensor de nenhuma vertente política.
Reconheço que durante os anos do seu governo, muitas coisas mudaram no Brasil. A situação economica no geral melhorou, o Brasil ganhou mais visibilidade e posição no cenário global. Tenho plena convicção que isto, apesar de ocorrido na sua gestão e ser parcialmente devido ao seu trabalho, não é resultado apenas das suas ações, mas é uma combinação de fatores e de ações (inclusive dos governos anteriores) que culminou nesse resultado.
Apesar de não ser o seu maior defensor, admiro sua caminhada e história de vida, bem como o seu carisma que nos rendeu, além de algumas risadas, um posicionamento relativamente bom na perspectiva diplomática. Durante seu mandato, várias alcunhas lhe foram atribuídas, como o filho do Brasil, que até gerou filme. Mas o cargo para o qual foi eleito, o de presidente da nossa nação, assim como a sua responsabilidade de governar o país, aparentemente foram conceitos redesenhados ao seu belprazer, para criar uma ilusão de populismo irreal. Minha opinião talvez não seja correta, dada a quantidade de variáveis que não consigo contemplar da posição que ocupo, mas mesmo assim resolvi expressá-la.
Governar não é mostrar as coisas boas e impedir que as ruins venham à tona. Isto se chama censura.
Governar não é usar a influência política para eleger pessoas incapazes. Isto se chama lobby.
Governar não é tirar dos ricos e dar para os pobres. Isso é tarefa do Robin Hood.
Governar não é mudar de posicionamento político para se adequar às necessidades pessoais. Isso se chama hipocrisia.
Governar não é ignorar os problemas que aparecem e, ao invés de tentar resolvê-los, ficar o tempo todo tentando jogar a culpa para a oposição ou para a gestão anterior. Isto se chama negligência.
O presidente não deve diferenciar os ricos dos pobres - ele governa por todo o povo e não uma parcela dele.
O presidente não deve defender cegamente posturas incorretas e usar argumentos falhos para tentar sustentar um atitude. Menos ainda, quando ocorrer de problemas surgirem, alegar desconhecimento da situação e colocar panos quentes até que tudo acabe caindo no esquecimento.
O presidente não deve usar de "coitadismo" para se promover publicamente. Ter origem humilde e chegar ao posto mais alto do governo é motivo de honra, mas isto perde o valor quando lá do alto começa a se atirar pedras nos "ricos" e nos "europeus de olhos azuis".
O presidente não deve se fazer de vítima e usar o povo como massa de manopla para descreditar os veículos de comunicação. Se uma acusação não procede, deve-se provar o contrário e fazer com que os acusadores assumam a responsabilidade.
O presidente não deve aceitar elogios ou receber críticas pela perspectiva pessoal. Ambos são (devem ser) direcionados ao mandato e ao governo, do mesmo modo que a resposta para os tais.
Sendo assim, Sr. Presidente, gostaria que assumisse a posição de líder que o cargo que o senhor ocupa requer e não a de um organizador de greve que vê apenas o seu próprio lado de uma disputa.

Atenciosamente,
Um cidadão brasileiro
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2 comentários:

Estive por aqqui disse...

Esse desabafo/cutucão está vestindo mto bem outras figuras de chefes e líderes por aí.
Faz assim, embrulha esse texto pra presente, com um laço vermelho bonito, pode apelar e colocar uma estreliha dourada, endereça ao DF e vamos torcer pra que alguém se comova e coloque juízo em certas cabeças.

Beijos, saudades suas

Anônimo disse...

(como diria um professor de outrora e respondendo à alcunha assumida) Cidadão:
Você busca um presidente socialmente imparcial (governante de todo o povo e não de uma parcela);
Você busca um presidente que não se utilize de influências políticas para fins pouco louváveis;
etc's contados, eu já busquei isso até ver quão desumano seria alguém 100% justo e imparcial.

Passei a buscar na alternância de poder um equilíbrio de interesses no tempo, para um equilíbrio maior de alocação de recursos e benefícios.

Claro que a alternância de poder meio que me obriga a votar em quem não representa exatamente meus interesses como cidadão. Ai eu me desumanizo um pouco.

Enfim, sei lá, não sei. Sei lá, não sei, não.