terça-feira, 23 de setembro de 2008

Par le matin que je voudrais oublier

Angry Doug Funny - on

Só em setembro já se foram retrovisor, vidro, mochila, DS, livros, documentos.
E com eles quase todo o salário, dor de cabeça e muito tempo perdido.

Cansei de viver nessa cidade, nesse país.
Nessa merda de situação em que temos que viver com medo de sair de casa, de andar na rua, de usar algo mais bonito porque chama atenção. De lutar pra conquistar suas coisas e não poder usufruir ao máximo porque um bando de malditos ficam à espreita, sendo "espertões" e tentando roubar tudo.

Cansei de ficar perto de um bando de gente que quer ser mais malandro que o outro, tirar vantagem, sair por cima em todas as situações. De ter que desconfiar sempre, de ser taxado de vacilão ou idiota quando deixamos mochilas/carteira/qualquer coisa à mostra e ainda por cima dizer que o erro é nosso quando acontece alguma coisa e não de quem está obviamente cometendo o verdadeiro erro - roubando.

Cansei desse bando de pé-rapados que ficam culpando a sociedade por não ter nada e assim tentam justificar o fato de roubar. Esse bando de vagabundo que são simplesmente folgados, não querem ralar nem procurar trabalho e entram nessa vida de roubo - roubando gente que trabalha, pais de família, senhoras de idade - para comprar roupa de grife, drogas e não comida ou algo pra sobreviver, estes eu não consigo tolerar. Além de ladrão, é covarde.
(Veja bem, não tenho nada contra quem é pobre, afinal, apesar de hoje (graças a Deus) ter um trabalho e uma condição de classe média, eu cresci pobre e até minha adolescência foi nessa realidade que eu vivi. Vi muitos colegas da rua, do futebol no campo de barro e dos contras com a rua de cima virarem bandidos, serem mortos, presos, terem que fugir da polícia ou para não serem mortos por traficantes. Mas também vi muitos que lutaram, conquistaram seu espaço e hoje tem casa, um trabalho, constituiram família e batalham pelo seu futuro. Portanto, não justifica.)

Cansei de ter que viver sua vida atrás de grades, muros, cadeados e correntes. De ver a qualidade de vida ir pelo ralo, de ficar doente, careca, fora de forma, estressado, com insônia por ter que viver sem vida. De trabalhar o mês inteiro para pagar imposto e não receber nada em troca e, além disso, ter a chance de ser roubado a qualquer momento (talvez deveria dizer ser roubado 2 vezes, mas enfim).

E porque ter que fugir de assalto às 8h da manhã não deveria ser a realidade de ninguém, quero uma casa sem muro, sem cerca. Deixar meu carro aberto, jogar DS no trem. Não ter que ficar em constante alerta pra não ser sacaneado no taxi, nas lojas, não ser roubado nas ruas, nos faróis. Quero viver em um lugar em que as pessoas se respeitem, se cumprimentem, se conheçam. Em um lugar em que falar com mulheres não signifique que quero tirar a roupa delas, que brincar com crianças na rua não signifique que você é pedófilo, que ser evangélico não signifique ser fanático ou aproveitador, que político e corrupto não sejam sinônimos, que um tênis ou uma roupa valha mais do que uma vida.
Um lugar em que ideal não seja sinônimo de utópico.

Às vezes, acho que nasci na época errada, no lugar errado. Às vezes tenho certeza.
E é apenas terça-feira. Que Deus me ajude (e me perdoe).

Angry Doug Funny - off

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